segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma licença para a indignação...

Eu podia começar a escrever sobre a música do momento, uma dica de filme ou até sobre as últimas fotos quentes de um gato da moda. Podia fFalar da balada do fim de semana, de quem pegou quem na boate, das “beesha que batero o cabelo”. Aliás, seria o assunto perfeito pra começar a semana e ansiar pelo próximo fim de semana. Aí você abre o jornal e dá de cara com isso:

Total de gays assassinados sobe 31% em 2010 no país (clique e veja)

Os dados são do Grupo Gay da Bahia (GGB), que mostrou que o número de homicídios entre gays, lésbicas e travestis aumentou 31,3% em 2010, com relação a 2009. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior do que nos Estados Unidos, segundo a pesquisa do GGB. Também foi constatado que o maior número de casos acontece na região nordeste do país, embora nenhuma outra região esteja imune. É só lembrar os recentes ataques no coração de São Paulo, a Avenida Paulista, ou da morte de um adolescente de 14 anos, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, ou o caso do jovem que levou um tiro de um sargento do exército (!!!), também no Rio.

Simplesmente é inconcebível que se mate pessoas por um motivo tão estúpido: não respeitar o outro. E isso não só em casos contra gays, mas no geral, pessoas matam as outras sem motivo aparente... mas essa é uma outra discussão.

Aí vem toda aquela polêmica de novo sobre a morosidade da justiça em aprovar leis que combatam a homofobia no Brasil. Uns alegam que ela priva direitos de uma parte da população que deveria poder se manifestar como quiser. Outros dizem que a lei seria para proteção dos indivíduos no geral, mas sem muitos argumentos concretos. Enquanto isso, os casos de homicídio aumentam.

Claro, existem as leis contra assassinatos no País, e é assim que esses casos devem ser tratados, mas uma política de combate à homofobia certamente reduziria os casos, assim como é hoje com a Lei Maria da Penha, que reprime atos de violência contra a mulher.

Na minha opinião pessoal, o projeto de lei que criminaliza a homofobia precisa ser revisto para coibir os atos de violência, sim. Os direitos de uns não podem ferir os direitos de outros e todos tem o direito de se manifestar como quiser (sim, até o Bolsonaro, goste você ou não). E também, ainda é preciso definir o que é “homofobia” e que características dela seriam punidas. Afinal de contas, se levarmos o sentido da palavra ao pé da letra, “aversão a homossexuais” não é um bom motivo para punições. Ninguém é obrigado a amar os gays. Agora, liberdade de ir e vir é garantido pela Constituição e inerente a todos os cidadãos contribuintes, pagantes de seus impostos e em dia com as obrigações legais.

Precisamos de conscientização na nossa sociedade hipócrita. Precisamos de respeito mútuo. Não ame um gay porque ele é gay. Ame um gay porque ele é um ser humano como você. Come, dorme, trabalha, paga as suas contas, tem amigos e na família, vota, lê jornal, viaja, vai para um barzinho e quer viver uma história de amor. Ninguém está pedindo 100% de aceitação. Apenas 100% de tolerância.

Veja matéria da revista Época (se você ainda não leu) sobre o aumento da violência contra homossexuais.

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